Santa Catarina tem queda nos assassinatos em 2023; latrocínios recuam 52%

Registros de homicídios dolosos, latrocínios e mortes em decorrência de lesão corporal foram menores que em 2022, apontam dados da Secretaria de Segurança Pública.

Santa Catarina fechou 2023 com redução de 6,2% no número de assassinatos na comparação com 2022. Os dados que incluem homicídios dolosos, latrocínios e mortes em decorrência de lesão corporal em todos os estados do país e no Distrito Federal foram divulgados pelo projeto Monitor da Violência.

 

Foram 602 assassinatos contra 642 no ano anterior. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) solicitados com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

Todos os indicadores, os considerados Crimes Violentos Letais Intencionais (CLVI), apresentaram queda. Santa Catarina ficou com redução acima da média nacional, que fechou 2023 com menos 4%.

 

Em nota, a SSP afirmou que a queda ocorre por conta de novos investimentos em tecnologia e o trabalho das forças de segurança integrados (leia a nota no fim do texto).

Em relação a cada tipificação, a maior queda foi nos latrocínios, com redução de 52% em 2023. As mortes em decorrência de lesão corporal caíram 15% e os homicídios dolosos, que incluem feminicídios (4%). Confira na tabela abaixo:

Mortes violentas em Santa Catarina (2023/2022)

Tipo de crime 2022 2023 Queda
HOMICÍDIO DOLOSO 597 573 -4%
LATROCÍNIO 25 12 -52%
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE 20 17 -15%
TOTAL 642 602 -6,2%

A taxa de crimes violentos em Santa Catarina ficou em 7,9 assassinatos a cada grupo de 100 mil habitantes. A média nacional ficou em 19,4 assassinatos a cada grupo de 100 mil habitantes.

Se comparada com o estado com a maior taxa, a do Amapá (45,2 homicídios/100 mil habitantes), a diferença é cinco vezes maior do que Santa Catarina.

O Monitor da Violência é uma parceria do g1 com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Núcleo de Estudos e Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP).

Pontos principais do levantamento:

  • 21 estados tiveram queda em 2023 na comparação com 2022, incluindo todos os estados das regiões Sul e Centro Oeste;
  • Sergipe (-22,6%), Tocantins (-19,8%) e Rondônia (-14,5%) tiveram as maiores quedas percentuais;
  • Ceará foi o único estado a apresentar estabilidade (0,0%);
  • O mês mais violento de 2023 em Santa Catarina foi janeiro, com 78 assassinatos; fevereiro, logo depois, foi o que teve menos mortes: 43.
  • SC teve a menor redução de assassinatos entre os estados do Sul, ficando atrás de Paraná (-9,2%) e Rio Grande do Sul (-8,4%).

O que diz o estado de SC

 

A Segurança Pública do Estado de Santa Catarina apresenta uma das melhores taxas do mundo em relação aos indicadores criminais. Estamos atingindo nível de países da Europa. As forças de Segurança de Santa Catarina atuam com eficiência, qualidade, tecnologia e de forma integrada. Por essas e outras razões, contudo, apresentamos um quadro diferenciado. Por exemplo, em janeiro deste ano, 88% dos municípios de Santa Catarina não tiveram registro de homicídio. O Estado investe em segurança pública, em qualidade de vida do catarinense através da saúde, da segurança, da educação, da infraestrutura, saneamento básico, um conjunto de itens que por si só já diminui significativamente a violência.

Levantamento periódico é encerrado

 

O levantamento periódico dos assassinatos é um dos projetos do Monitor da Violência, criado em 2017 pelo g1 em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP).

Naquela época, o governo federal não tinha uma ferramenta que permitisse à sociedade – jornalistas, pesquisadores, gestores públicos e demais cidadãos – acompanhar, de forma atualizada, os dados sobre homicídios do país. O único levantamento nacional era o do FSBP, divulgado no segundo semestre de cada ano.

A divulgação dos dados pelos estados também não era padronizada, e não havia uma frequência definida.

A partir da parceria, as centenas de jornalistas do g1 espalhados pelo país passaram a levantar junto aos estados dados sobre as mortes violentas ocorridas mês a mês, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e das assessorias de imprensa dos governos.

Esse trabalho contribuiu para aumentar a transparência e a precisão das informações sobre segurança pública divulgadas no Brasil e, em 2024, o governo federal passou a publicar os dados de crimes violentos em um painel interativo com informações de todos os estados.

Os dados do governo federal, embora usem uma metodologia diferente da do Monitor (por incluir, por exemplo, mortes suspeitas e encontro de corpos e ossadas, que podem não ser homicídios), apontam para um cenário semelhante, de redução de 4% nas mortes violentas em 2023.

Esse aumento na transparência levou o g1 e os parceiros a decidirem encerrar o levantamento periódico das mortes violentas.

“O Monitor da Violência teve e tem um papel estratégico para a discussão de vários temas sensíveis da agenda da segurança pública, a exemplo dos dados sobre redução e esclarecimento de homicídios, letalidade e vitimização policial, sistema prisional, violência contra mulheres, entre outros. Afinal, a experiência internacional revela que é a partir da ação intensa de disseminação de informações fidedignas e qualificadas que políticas públicas são provocadas e gestores se mobilizam”, afirmam Renato Sérgio de Lima e Samira Bueno, diretores do FBSP.

A decisão não significa o fim do Monitor da Violência – apenas do levantamento periódico de assassinatos, diante de um cenário em que dados nacionais e atualizados sobre esses crimes estejam disponíveis para a população.

A parceria seguirá em outras iniciativas, como tem acontecido desde 2017. Nesse período, entre outras coisas, o Monitor da Violência realizou reportagens sobre:

  • Solução de investigações de homicídios;
  • Letalidade policial e mortes de policiais militares;
  • Feminicídios;
  • Roubos de carro no Estado de SP;
  • Impacto da decisão do STF que permitiu a substituição da prisão preventiva por domiciliar de grávidas e mulheres com filhos pequenos;
  • Propostas para a segurança pública de candidatos à Presidência da República.

Fonte: G1

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