PESCADOR PORTOBELENSE 2024: PEDRO ANTÔNIO MOREIRA DA SILVA
Em uma tarde nublada de maio, Pedro Antônio Moreira da Silva, 31 anos de idade, caminha pelo cais que serve aos pescadores da comunidade do Araçá. Um bote acaba de descarregar uma quantidade de tainhas, que se amontoam no piso de concreto. Ele cumprimenta e conversa com o pessoal que trabalha ali, selecionando o pescado. Não faz muito tempo, aquele também era seu local de trabalho. A pesca, sua rotina. Pedro foi um dos agraciados com a honraria Pescador Portobelense deste ano. A distinção é concedida pela Câmara de Porto Belo a homens e mulheres que fazem da pesca um meio de vida e, através de suas trajetórias, mantêm viva a tradição e a economia que historicamente associam Porto Belo ao mar. A lei que a regulamenta, de número 2898, foi sancionada em 2020. Terceiro ano em que a cerimônia ocorre, neste 2024 a entrega foi feita na primeira semana de julho. Natural de Bombinhas, atualmente morando no bairro Alto Perequê, em Porto Belo, Pedro cresceu sonhando com o dia em que poria os pés em um convés. O pai, também Pedro Antônio, 54 anos, pescador até hoje, desejava para ele um futuro melhor. Quando atingiu a maioridade, contudo, Pedro deixou o teto paterno e foi viver o sonho. Seu pai só soube disso quando, atracado no porto do Rio Grande (RS), topou com o filho na tripulação de outra embarcação: “Foi uma grande surpresa para ele”, lembra. Ainda assim, o pai foi seu grande professor. Quarta geração de uma estirpe pesqueira, Pedro achou natural seguir a profissão, primeiro em barcos de camarão; depois, na pesca da corvina no Araçá. Tornou-se mestre aos 24 anos. Segundo explica, na comunidade é comum os jovens assumirem o principal posto das embarcações, visto estarem familiarizados com a atividade desde muito novos. O choque geracional pode ser motivo de tensão, porém ele tomou o desafio como uma oportunidade de conquistar respeito e fazer improváveis amizades. Apesar do amor pelo mar, Pedro Antônio deixou a profissão em maio do ano passado. Casado há sete anos com Élica, 28, pesaram na decisão esse fato e, principalmente, o desejo de estudar. Agora ele está cursando a faculdade de história, pelo polo portobelense da Unicesumar, modalidade ensino à distância. Em paralelo, iniciou um curso de tecnólogo em conselheiro titular e está finalizando o de bombeiro comunitário. “[Dia] 25 de novembro é a nossa formatura. Está bem puxado, mas estou feliz com tudo isso”. Não bastasse a rotina acadêmica, Pedro trabalha em uma empresa terceirizada da Celesc, realizando leituras de consumo de energia em domicílios do Vale do Rio Tijucas. “Não tem tanta emoção como o barco, mas estou me adaptando à vida pacata”, conforma-se. Assista abaixo ao depoimento de Pedro Antônio: