Cadáveres congelados são usados em cursos de estética e saúde em SC
Instituto de Treinamento em Balneário Camboriú é o primeiro do Brasil a promover diversos cursos que fazem uso de cadáveres congelados, ou “fresh frozen”, que vêm do exterior
O uso de cadáveres congelados, ou “fresh frozen”, em cursos nas áreas da saúde e da estética, pode causar certo estranhamento, já que a maioria das universidades brasileiras conservam os corpos utilizados por estudantes pesquisadores mergulhados no formal.
Porém, em Balneário Camboriú, Litoral Norte de Santa Catarina, o 1º Instituto de Treinamento em Cadáveres (ITC) do Brasil faz uso desta técnica, que promete uma experiência mais realista para os estudantes. O método também é adotado pela Faculdade CTA, no estado de São Paulo.
De onde vêm os cadáveres congelados e de quem eram
Segundo o ITC Balneário Camboriú, os cadáveres são comprados, eles vêm de vários lugares do exterior. Na maioria das vezes, os corpos não são indigentes. O centro de cursos explica que a venda desses corpos para estudos é permitida em alguns locais fora do Brasil.
Porém, eles explicam que acontece, em menor escala, de pessoas em vida fazerem a doação de seus corpos para o instituto.
Quantas vezes o cadáver pode ser utilizado
Conforme o instituto, é possível utilizar o cadáver diversas vezes, dependendo do curso. Mas, em alguns casos específicos, é possível que ele seja utilizado apenas uma vez.
Em uma cabeça, diversos procedimentos podem ser realizados, como, por exemplo, os injetáveis e extração de dente, na área odontológica. Além disso, pode ser feita uma aplicação de lente de contato e utilizar a mesma peça para uma cirurgia de ouvido, cérebro ou nariz.
No restante do corpo, o processo é semelhante. A área do torso pode ser usada para um objetivo, enquanto outras áreas podem ser utilizadas para outros fins, dentro da gama de cursos que o local oferece.
Como os cadáveres são conservados
De acordo com o ITC, os corpos são preservados de forma diferente das universidades, que geralmente deixam peças anatômicas mergulhadas no formol. O processo utilizado no local é o congelamento.
Eles explicam que, por exemplo, quando irão utilizar um corpo, tiram do freezer, onde ficam congelados a −17 °C, no dia anterior e o colocam em uma sala de preparação, onde o ar condicionado fica ligado a 16 °C.
Durante esta preparação, o cadáver vai descongelando aos poucos. Quando a peça é levada até a sala onde os alunos fazem o treinamento, ela é higienizada com um “banho”, onde é usado água e sabão, além do processo de hidratação com soro fisiológico, para poder ser manipulada.
Sobre o termo ‘cadáveres frescos’
O instituto explica que o termo “cadáveres frescos”, ou “fresh frozen”, não se refere ao uso de corpos que morreram recentemente, e sim à forma de conservação. Como eles ficam armazenados em uma câmara fria, eles não passam pela mesma mudança de estrutura que no caso do formol.
Quando o cadáver é congelado, as estruturas dos tecidos, da pele, dos músculos e dos ossos não é alterada da mesma forma, trazendo maior realismo para os estudantes em treinamento.
Quais são as ‘vantagens’ em utilizar este tipo de treinamento
Algumas vantagens em preservar os corpos desta maneira são citadas pelo Instituto de Treinamento em Cadáveres. Dentre elas estão:
- Desenvolvimento de habilidades técnicas: a prática neste tipo de corpo é necessária para o desenvolvimento de habilidades motoras finas e técnicas cirúrgicas específicas, reduzindo o risco de erros em procedimentos reais.
- Compreensão da anatomia humana: o estudo direto em cadáveres pode ajudar a fixar o conhecimento da anatomia de forma mais precisa. Mesmo com ferramentas digitais, a experiência prática permite ver as distinções anatômicas entre as pessoas.
- Simulação de emergências: para profissionais da saúde, a simulação de intervenções emergenciais em cadáveres fornece um treinamento mais eficaz.
- Treinamento ético e seguro: o instituto explica que, ao praticar com cadáveres, os profissionais podem ajustar suas técnicas e evitar colocar a vida de pacientes em risco, desenvolvendo também a confiança.