‘Maré vermelha’ invade pontos turísticos de Balneário Camboriú
Partindo do RS até o Litoral Norte de Santa Catarina, fenômeno foi avistado nesta semana em praias de Balneário Camboriú e Itajaí; Maré Vermelha se dá por condições climáticas e oceanográficas
Os mares do Litoral Norte de Santa Catarina estão sendo invadidos por manchas vermelhas e amareladas causadas pelo efeito “Maré vermelha”, a primeira aparição na região foi nesta terça-feira (16), na praia de Laranjeiras em Balneário Camboriú.
Dr. Carlos Eduardo Tibiriçá, oceanógrafo do IMA (Instituto do Meio Ambiente), explica o fenômeno causado por condições climáticas e oceanográficas favoráveis para a floração de microalgas e gino flagelados.
“Em condições favoráveis, as espécies de algas presentes no Litoral catarinense passam a se reproduzir de forma muito rápida e intensa, e às vezes a concentração é tão alta que chega a mudar a coloração da água, como na ‘Maré Vermelha’”, explica Tibiriçá.
Os gatilhos para essa reprodução são muitos, analisando a escalada do fenômeno no Brasil, que começou no litoral do Rio Grande do Sul, partindo para Santa Catarina, podendo chegar inclusive ao Paraná e São Paulo, como em 2016, o oceanógrafo entende que o fenômeno se dá pelas chuvas do outono no RS e na bacia do rio Uruguai, com as correntes oceanográficas que trazem essa mistura de água doce com água salgada.
“As correntes trazem essa água que os gino fragelados adoram, e as correntes vão se espalhando pelo Litoral de forma heterogênea. Isso tende a durar por algumas semanas, até dois a três meses, dependendo do quanto o clima e os leitos fluviais continuarem favoráveis a essa espécie. Não quer dizer que todo Litoral ficará manchado de laranja”, destaca.
Por ser um fenômeno heterogêneo, a Maré Vermelha pode perdurar por meses, como acabar em poucos dias. Durante a noite as ondas podem quebrar e fazê-las brilharem.
“Maré Vermelha” se espalha pelo Litoral Norte de SC
Marcio da Silva Tamanaha, professor de oceanografia da Univali é especialista em microalgas e analisou a aparição do fenômeno em outras praias do Litoral Norte de SC.
Entre as praias listadas pelo professor esta a Praia dos Amores, bem no canto ao sul, próximo ao Morro do Careca.
“Pelas informações iniciais que observei, está ocorrendo uma mortalidade dessa floração, ela não persiste também por muito tempo, só que se as condições meteorológicas de calmaria, intensidade luminosa e a direção do vento pode favorecer a permanência”, explica Tamanha.
Conforme o professor, se o vento soprar ao nordeste, a tendência é a condição se acumular em áreas como o canto sul da Praia Brava, continuar na Praia dos Amores, na Praia de Laranjeiras, também, na parte sul do município, nas praias.
Já se o vento mudar, dependendo da direção, por exemplo, o vento de sudeste e sul, tende a dispersar.
“Nós continuamos observando, vou diariamente visitar esses locais para ver se continuam, até porque existe uma questão fisiológica, existe um crescimento rápido, mas também a mortalidade é rápida, então isso também tem que ser verificado”, finaliza Tamanha.