Câmara homenageia única “cartola” do município

Vereadores entregaram moção de parabenização a Maria dos Santos Lira, que preside o Real Betis PB

PORTO BELO — Embora não seja território exclusivamente masculino há algum tempo, o futebol brasileiro ainda reserva pouquíssimo espaço para as mulheres — especialmente em posições de comando sobre os homens. Em Porto Belo, até onde a crônica esportiva local permite apurar, não havia existido nenhuma até Maria das Dores dos Santos Lira, 38 anos de idade, decidir desbravar a paisagem. A presidente do time Real Betis Porto Belo, um dos clubes de futebol amador que disputam o campeonato municipal, foi homenageada pela Câmara de Vereadores durante a sessão desta segunda-feira (17) em razão do pioneirismo.
Natural de Alagoas, Maria chegou na cidade em 2008, em busca de oportunidades. Separou-se do homem com quem veio, encontrou outro aqui. Sofreu a perda de uma gravidez com a qual sonhava havia doze anos. Esteve à beira da depressão, mas encontrou sentido no futebol. O marido jogava bola e ela começou a acompanhar, e a se interessar. Sugeriu criarem um time, propôs arranjarem um jogo de camisas e, assim, nasceu o Real Betis. O time não vai bem no campeonato municipal, mas já obteve conquistas importantes. Recentemente, ficou em segundo lugar em um campeonato regional de futebol suíço.
Claro que ser uma rara presença em um feudo masculino acrescenta camadas extras aos já inúmeros desafios que o exercício do desporto amador oferece. As principais têm a ver com o preconceito. Maria reconhece ter sido menosprezada mais de uma vez, mas diz ter o apoio e, mais importante, o respeito de seu elenco. E garante: “Podem falar o que quiser, eu não vou parar”. Nesse aspecto, ter sido indicada para receber uma moção do Legislativo, como liderança feminina no futebol, é indicativo de que Maria das Dores tem muito a conquistar. “Isso é só o começo”, afirma.

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