Registro raro de peixe-lua é feito na costa de Santa Catarina: ‘Muito emocionante’

O registro foi feito pelo morador João Paulo Piazza, que estava em uma moto aquática, no final da manhã de segunda-feira (10).

“Nunca vi esse peixe. Eu já tinha visto no Discovery Channel, nos canais assim e tal. Na hora, nem sabia que era aquele peixe ali. Parecia uma tartaruga, parecia um tubarão, muito estranho”, relatou.

“No vídeo, não dá para ver direito, mas ele era muito grande. Ele não estava tão longe assim, sabe? O mar estava bem parado, estava meio friozinho, né? Não tinha vento, nada, água bem verde, estava lá. Quando eu vi de longe, ele veio se aproximando. Fiquei ali, ele ficou”, resumiu.

Ele ainda completou, sobre o encontro: “Foi muito emocionante porque não sabia o que que era. Depois mandei a foto para um amigo meu, dei uma pesquisada, confirmou”.

A espécie tem nome científico Mola mola.”É um peixe frequente na costa daqui de Santa Catarina. Ele não é considerado um peixe raro, ele é raro de ser avistado assim. Ele costuma ocorrer mais longe da costa”, explicou o professor Jules Soto.

“No inglês, ele é conhecido como sunfish, peixe-sol, porque ele tem o hábito de ficar deitado assim, lateralmente, pegando sol”, completou.

Conforme o professor, ele se alimenta de salpas, medusas e plâncton no geral, tanto zooplâncton quanto fitoplâncton.

Em relação ao peixe filmado, Soto acredita se tratar de um indivíduo juvenil. “Claro que ele parece gigante, mas ele fica muito maior. Quando eu digo maior, em termos de massa, umas cinco vezes aquilo ali”, declarou.

“O recorde está em 3,3 metros de comprimento e 2,3 toneladas, é o tamanho que ele atinge. Aquele exemplar ali [filmado em Araranguá] deve ter uns 200 e poucos quilos”, disse.

“Ele nasce com menos de 1 grama, e ele cresce 60 milhões de vezes a massa dele”, resumiu.

Entre as curiosidades sobre o peixe-lua, ele é o vertebrado que produz o maior número de ovos e filhotes, podendo botar mais de 300 milhões de ovos em um ciclo reprodutivo.

“Também é o vertebrado que possui a maior relação de diferença de tamanho de nascimento para o adulto, nenhum outro vertebrado nasce tão pequeno e fica tão grande”, disse o professor.

Soto afirmou ainda que a espécie é dócil. “Logicamente, não se deve, de forma alguma, botar o dedo na boca dele, que ele tem uma estrutura mastigatória muito forte, ele pode amputar o dedo. Fora isso, se não enfiar o dedo na boca dele, não tem risco absolutamente nenhum, ele não vai procurar ninguém para morder e ele é bastante lento”.

O peixe-lua é bastante desajeitado e devagar. Por isso, costuma ser levado pelas correntes marítimas. “Eles não conseguem se deslocar por vontade própria porque as correntes são mais fortes e mais intensas do que a capacidade de deslocamento dele”, resumiu o professor.