Pescadores de Balneário Camboriú culpam alargamento da orla por falta de tainhas
Oceanógrafo explica que falta de tainhas pode estar acontecendo por causa de poluição ambiental e afirma que alargamento da orla é um motivo menos provável
Os pescadores artesanais de Balneário Camboriú, Litoral Norte de Santa Catarina, têm afirmado que o alargamento da orla da Praia Central é uma das causas pelas quais esta safra das tainhas está fraca neste ano de 2024.
Para o pescador Laercio Demetrio, que é um dos donos de dois ranchos da cidade, as lanchas, jet skis e a falta de fiscalização no local têm prejudicado a pesca artesanal.
Ele explica que os pescadores acreditam que o alargamento tem levado à formação de bancos de areia, trancando a rede na parte do chumbo. Por causa disso, eles precisam entrar novamente na água para levantar a rede, fazendo com que os peixes escapem.
“Ano passado capturamos mais de 6 mil tainhas, mais da metade foi durante a noite quando não tem ninguém navegando, assim o peixe resolve encostar na praia.”, destaca o pescador.
Laercio também afirma que os pescadores artesanais estão há mais de um ano prejudicados por esta situação. Ele acrescenta que foram diversas reuniões com a Prefeitura e promessas teriam sido feitas, mas nenhuma teria sido cumprida.
Especialista explica se há relação entre alargamento da orla e falta de tainhas em BC
O professor, oceanógrafo e doutor em Ciências Naturais Paulo Ricardo Schwingel explicou que é difícil traçar uma relação entre a não captura das tainhas na Praia Central e o alargamento da orla.
Além disso, segundo o especialista, muitas praias do estado não têm tido a captura dos pescados, ele acrescenta que também pode ser uma questão de sorte.
“Porque não só as frentes frias trazem tainha para cá, mas ventos do leste que empurram a tainha contra a costa. Então, quando sopram esses ventos em direção à costa, elas podem estar em Porto Belo, Bombinhas, onde houve capturas relativamente significativas.”, explica Schwingel.
Sobre os bancos de areia, o professor acrescenta que, se realmente houve essa formação, isso pode dificultar a pesca das tainhas. Ele também explica que a poluição do rio Camboriú pode estar relacionado ao problema.
“E essa poluição toda vai para a enseada de Balneário Camboriú. Isso pode fazer também que nós tenhamos uma qualidade de água não adequada e ela possa se afastar.”, destaca o dr. Paulo Ricardo.
Para o oceanógrafo, a preservação ambiental na cidade é fundamental para que aconteça atividades como a pesca da tainha. Ele destaca que essa é uma questão de segurança econômica para Balneário Camboriú.
“Se você tiver qualidade ambiental, você vai atrair turistas, você vai valorizar os imóveis, você vai valorizar a navegação, vai valorizar as marinas, vai ter balneabilidade da praia e também a pesca da tainha.”, o professor conclui.
Secretaria do Meio Ambiente de BC se manifesta
A Secretaria do Meio Ambiente de Balneário Camboriú informou que não há fundamento nessa afirmação.
Segundo a Secretaria, os planos de acompanhamento da CARUSO, empresa contratada como condicionante para licenciamento ambiental da obra, nunca correlacionaram o alargamento com a migração da tainha.