Fraude através de criptomoedas investigada pela PF lesou milhares de vítimas em R$ 100 milhões
Associação criminosa desenvolveu moeda digital e captou investidores oferecendo lucros acima do mercado, que não eram obtidos pelos clientes. Diligências ocorreram em SC e PR.
Dois mandados de prisão e seis de busca e apreensão são cumpridos nesta terça-feira (27) pela Polícia Federal (PF) e têm como objetivo desmobilizar uma associação criminosa investigada por aplicar golpes ao sistema financeiro através de criptomoedas e NFTs (Tokens Não-Fungíveis). A corporação estima que as vítimas podem chegar a 20 mil no Brasil e no exterior que perderam, ao todo, aproximadamente R$ 100 milhões.
Batizada de Fast, a ação mira o grupo sediado desde 2022 em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina. Os mandados também estão sendo cumpridos nas cidades de Itajaí (SC), Curitiba (PR) e Londrina (PR). Os nomes dos alvos não foram revelados.
A PF detalhou que os golpes partiam da mesma premissa: oferta de uma criptomoeda desenvolvida por eles mesmos e que prometia lucros acima do mercado a partir de parcerias com empresas.
Para dar credibilidade ao negócio e captar novas vítimas, o lançamento da nova moeda foi promovido em uma feira de criptoativos em Dubai.
“Trata-se de um golpe. Essa criptomoeda existe, mas as pessoas não conseguem negociá-las. O banco digital prometeu cartões, prometeu operar com uma instituição financeira, porém nada disso funciona, as pessoas colocam o criptoativo dentro desse banco, elas não conseguem movimentar”, detalhou o delegado Maurício Todeschini.
A partir do não cumprimento dos altos lucros, as vítimas denunciaram o caso à Polícia Federal, que através do canal oficial para recebimento e tratamento de informações sobre pirâmides financeiras, começou a investigar o caso.
“Posteriormente, a organização também passou a atuar na comercialização de franquias de mobilidade urbana, o que continua sendo divulgado pelos integrantes”, acrescentou a PF.
Além dos mandados, a operação executada medidas de sequestros e bloqueios de bens de cinco pessoas e três empresas.
“Os integrantes do grupo responderão pela prática de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, associação criminosa e lavagem de dinheiro, cujas penas máximas totais previstas podem chegar a 28 anos de reclusão”, completou a PF.