Do planejamento à prisão: cronologia mostra como agiu jovem suspeito de arquitetar morte dos pais em SC
Conforme a Polícia Civil, filho ofereceu dinheiro e carro a um amigo para ajudá-lo na execução. Apenas a mãe, que segue internada, sobreviveu. Crime ocorreu em Indaial.
O jovem de 18 anos suspeito de planejar a morte dos próprios pais em Indaial, no Vale do Itajaí, passou cerca de dois meses arquitetando o crime, segundo a Polícia Civil.
Conforme a investigação, na madrugada de segunda-feira (29), ele e um amigo atacaram as vítimas com golpes de faca.
O pai, Márcio Elizeu Melo, um empresário de 45 anos, morreu. A mãe, de 39 anos, sobreviveu e foi levada ao hospital. Ela seguia internada na tarde de segunda-feira (5), mas saiu da UTI, conforme o delegado Filipe Martins. O nome dela não foi divulgado.
Segundo investigador, o crime começou a ser arquitetado em novembro de 2023. Os jovens, que inicialmente eram ouvidos apenas como testemunhas, foram presos na quinta-feira (1º).
1. Quando o filho teria planejado o crime?
Segundo a Polícia Civil, o jovem começou a planejar o assassinato dos pais em novembro de 2023. O plano foi concluído em dezembro.
2. Quando ele chamou o amigo para participar?
Conforme o delegado Martins, o suspeito chamou o amigo para participar do crime ainda em novembro, assim que começou o planejamento. O amigo seria pago com R$ 50 mil e o carro Montana, que era da família. Segundo a investigação, depois do crime, os dois serviriam de álibi um para o outro.
3. Quando ocorreu o crime?
O ataque aconteceu na madrugada de 29 de janeiro. Na ocasião, a dupla atacou as vítimas na casa delas – onde o jovem também morava – com golpes de faca.
4. O que aconteceu antes do crime?
O filho estava em casa e foi para a casa do amigo suspeito por volta das 10h40 do dia 28 de janeiro. Antes, deixou a janela do quarto dos hóspedes, onde não há câmeras, aberta.
5. Quando eles voltam para a casa das vítimas?
Por volta de 0h20 do dia 29 de janeiro, os dois voltam à residência do casal e entraram pela janela deixada aberta. Segundo o delegado, o filho trocou de roupa na casa do amigo.
O planejado, conforme a Polícia Civil, era que as vítimas fossem mortas enquanto estivessem dormindo.
Porém, houve um erro que alterou a dinâmica dos acontecimentos. O filho deixou cair uma faca no meio do caminho e precisou passar pela sala, onde há câmera, para chegar à cozinha e pegar um novo utensílio.
Com isso, o pai ouviu o barulho e acordou. Em seguida, ele foi esfaqueado pelo amigo. A mãe acordou e foi atacada pelo filho e, depois, pelo amigo.
6. Que horas eles saíram da casa após o crime?
Conforme o delegado Filipe Martins, os dois saíram da casa por volta de 0h30, após o crime, e foram para a residência do amigo, que se comprometeu a colocar fogo nas roupas e facas. Segundo o delegado, esses objetos não foram encontrados para apreensão.
O investigador afirma, com base nas oitivas, que os autores deixaram a residência das vítimas acreditando que elas haviam morrido.
7. Os jovens foram ouvidos como testemunhas até quando?
Filho e amigos foram ouvidos como testemunhas apenas em 29 de janeiro, quando ocorreu o crime. No dia seguinte, segundo Martins, eles começaram a ser tratados como suspeitos, considerando “a quantidade de divergências e contradições detectadas pela polícia”.
O plano deles, conforme o investigador, era que executassem o crime e, depois, serviriam um como álibi do outro. Dessa forma, o amigo falaria que o filho estava na casa dele, e não na residência dos pais, na hora dos assassinatos e vice-versa. A namorada do amigo, de 17 anos, também diria que o filho estava na casa dele. Ela será intimada a prestar depoimento.
“Chegou num ponto que o amigo não aguentou a quantidade de mentiras, resolveu falar. Contou que tinha recebido a proposta”, disse o delegado. Ele não confessa que estava na cena do crime, mas que recebeu a oferta para cometer o assassinato. O filho confirma os dois executores.
8. Quando eles foram presos?
O filho e o amigo foram presos temporariamente em 1º de fevereiro, após o filho confessar o crime à polícia. Ele trabalhava na empresa metalúrgica do pai.
“Disse que o pai era bastante rígido. Segundo ele [filho], os pais não o tratavam como filho, mas como mero funcionário, como mero empregado, que, para ele, eles não seriam pais. Isso foi criando uma revolta. Foi a partir daí que ele decidiu, nas palavras dele, ‘eliminá-los’“, disse o delegado.