Argentinos relatam trabalho análogo à escravidão em colheita da maçã na Serra de SC

Na propriedade rural, policiais miliares encontraram um alojamento sujo, onde foi “visualizada a situação degradante em que viviam”. Caso aconteceu em Urubici.

Quatro argentinos denunciaram à Polícia Militar que estavam sendo vítimas de trabalho análogo à escravidão na colheita de maçã em Urubici, na Serra de Santa Catarina. O relato foi feito na tarde de sábado (3), quando as vítimas fugiram da propriedade rural, procuraram a PM e afirmaram que receber um salário inferior ao combinado no local.

Segundo o grupo, outras sete pessoas viviam na mesma situação, mas ficaram com medo de fugir do estabelecimento. No local, os PMs encontraram um alojamento sujo, onde foi “visualizada a situação degradante em que viviam“.

Para a Polícia Militar, o contratante do grupo disse que pagou o valor de R$ 4.920 para cada empregado, mas que depois de descontos, o valor foi reduzido para R$ 100.

Os argentinos, porém, afirmaram que ganharam bem menos e que a promessa era de receber R$ 300 por dia.

Um homem de 49 anos apontado como responsável pela propriedade rural foi localizado pelos militares e foi encaminhado à Polícia Federal em Lages, na mesma região. Ele foi ouvido, assim como os argentinos.

Por conta de divergências nos depoimentos, não ficou caracterizado o flagrante pelo crime, segundo a PF. O órgão irá investigar o caso.

Argentinos relatam trabalho análogo à escravidão em colheita da maçã na Serra de SC, diz PM — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Argentinos relatam trabalho análogo à escravidão em colheita da maçã na Serra de SC, diz PM — Foto: Polícia Militar/Divulgação

Os argentinos, com idade entre 25 e 40 anos, relataram à PF que além da colheita da maçã ajudaram a trabalhar na plantação de repolho e cebola no local. O grupo que fugiu do local contou ainda que deixou a propriedade, que fica perto da SC-370, às 2h da madrugada de sábado.

A Polícia Militar foi acionada por volta das 8h, quando o grupo conseguiu chegar na cidade a pé. A prefeitura foi acionada e irá prestar auxílio a nove argentinos que saíram do local com a ajuda da PM.

Ao g1, a Polícia Militar informou que não constatou nenhuma ameaça contra o grupo. No entanto, “os argentinos relataram que estavam sendo privados de usar a internet para não ter contato com mais pessoas”. Além disso, relataram que patrão costumava ser agressivo.

Assistência Social

 

Em nota, a prefeitura de Urubici confirmou que foi acionada pela PM ainda no sábado e que providenciou hospedagem aos nove estrangeiros até esta segunda, quando o grupo será atendido pela equipe da assistência social habilitada para atendimento de pessoas em situação de violação de direitos.

“O processo de investigação do caso está sendo feito pela polícia. A gestão municipal trabalha, neste momento, para acolher e contribuir no retorno para o país de origem, que é um desejo deles neste momento. Além disso, também cabe à gestão articular com o Ministério Público para que haja intervenção e fiscalização destes empregadores”, informou, em nota, o município.

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